5 Boas Práticas para Você Gerir Seu Escritório de Advocacia Como um Verdadeiro Empreendedor

GESTÃO INTELIGENTE

Dr. Gabriel Azevedo

3/30/202514 min read

Você já percebeu que a faculdade de Direito nos ensina a peticionar, interpretar leis e acompanhar processos, mas não nos ensina a administrar um escritório?

Essa é a realidade de muitos advogados. A gente se forma com a esperança de viver bem da advocacia, mas, quando a rotina começa, percebemos que saber Direito não é suficiente. Para viver da advocacia com segurança, constância e dignidade, é preciso ir além: é preciso ser advogado empreendedor.

E não, isso não é papo de coach.

Essa é a diferença entre um escritório que sobrevive e um escritório que cresce.
Entre um advogado sobrecarregado e um advogado com tempo e lucro.
Entre uma advocacia de sobrevivência e uma advocacia de alto nível.

Neste blog, eu vou compartilhar com você 5 boas práticas fundamentais para transformar a sua advocacia em um negócio de verdade, com estrutura, organização e saúde financeira. Tudo com base na minha vivência, nas dores que vejo todos os dias nos colegas da profissão e em estudos de fontes sérias como Sebrae, OAB e plataformas especializadas em gestão jurídica.

Se você quer sair da zona de improviso e começar a gerir sua advocacia com estratégia, este conteúdo foi feito para você.

1. Gestão Financeira: seu escritório é um negócio, e você precisa saber quanto ele custa

Vamos começar com o óbvio que muita gente ignora: escritório de advocacia é empresa. E empresa que não tem controle financeiro, quebra.

A primeira prática essencial é separar as finanças pessoais das finanças do escritório. Parece simples, mas é onde muitos erram. Quando o dinheiro entra, vai direto para a conta pessoal. Quando falta, cobre com o que tiver. Isso gera um ciclo de bagunça que sufoca qualquer possibilidade de crescimento.

Você precisa saber exatamente:

  • Quanto custa manter seu escritório funcionando;

  • Quanto entra por mês;

  • Qual o seu pró-labore (ou seja, o seu “salário” como advogado);

  • E o mais importante: se o que você está cobrando cobre tudo isso.

Se tem uma coisa que aprendi na prática é que advogado que não sabe precificar, trabalha de graça sem perceber. E a maioria de nós sai da faculdade sem a menor ideia de como calcular honorários de forma justa, estratégica e sustentável.

A primeira coisa que você precisa entender é: seu escritório é um negócio. E negócios precisam ser rentáveis. Não basta ganhar causa. Precisa sobrar dinheiro no fim do mês.

E pra isso, vamos direto ao ponto: Como calcular um honorário que cubra seus custos, valorize seu trabalho e seja viável para o cliente?

  • Etapa 1 – Conheça seu custo fixo mensal

Liste tudo o que você paga mensalmente para manter o escritório funcionando:

  • Aluguel ou coworking

  • Internet, luz, telefone

  • Software jurídico ou ferramentas online

  • Mensalidade da OAB

  • Salários (se tiver equipe ou estagiários)

  • Marketing, anúncios, design, etc.

Exemplo prático:
Total de custos fixos: R$ 5.000 por mês

  • Etapa 2 – Defina seu “salário” como advogado

Você também precisa receber, certo? E esse valor deve ser calculado com consciência. Pergunte-se: quanto você quer ou precisa tirar por mês para viver bem?

Exemplo: R$ 6.000 mensais como pró-labore

  • Etapa 3 – Calcule o total mínimo que seu escritório precisa faturar.

Agora é só somar os dois: R$ 5.000 (custos fixos) + R$ 6.000 (pró-labore) = R$ 11.000 por mês

Esse é o mínimo que seu escritório precisa faturar só para não dar prejuízo.

  • Etapa 4 – Estime quantos casos você consegue atender por mês.

Se você sozinho consegue atender com qualidade 10 casos por mês, basta dividir: R$ 11.000 ÷ 10 casos = R$ 1.100 por causa. Esse é o mínimo ideal por caso, só pra empatar. Se cobrar menos que isso, você está pagando para trabalhar.

Claro que haverá variações:

  • Um parecer pode valer mais que uma audiência simples.

  • Uma consultoria pontual exige outro modelo.

  • Causas com valor econômico maior podem permitir percentual sobre êxito.

Mas agora você tem uma base racional para começar a precificar.

  • Etapa 5 – Use um modelo flexível de precificação

Você pode combinar três critérios:

  1. Valor base por hora trabalhada (ex: R$ 250/hora)

  2. Percentual sobre o valor da causa ou benefício (ex: 10% sobre R$ 50 mil)

  3. Complexidade ou urgência do caso (ex: petição emergencial +20%)

Exemplo real de precificação:

  • Causa de R$ 50.000

  • Você calcula que serão necessárias 10 horas de trabalho

  • Honorário por hora: R$ 250 → 10h x R$ 250 = R$ 2.500

  • Percentual de êxito: 10% sobre R$ 50.000 = R$ 5.000

  • Total a cobrar: R$ 2.500 + R$ 5.000 = R$ 7.500

Dica de ouro:

Sempre consulte a tabela de honorários da OAB do seu estado. Ela serve como referência mínima e te protege contra discrepancia de honorários. Você não precisa ser contador. Mas precisa entender quanto custa sua hora, seu serviço e seu escritório. Essa é a base da gestão financeira de um advogado que quer viver da advocacia — e não sobreviver com ela.

2. Captação de Clientes: sem estratégia, a advocacia não cresce.

Vamos ser sinceros: ninguém constrói um escritório sólido apenas com base em indicações. Elas são valiosas, sim, e refletem a confiança que as pessoas têm no seu trabalho — mas depender exclusivamente delas é o mesmo que construir uma casa sem fundação. Você vive no improviso, sem previsibilidade, e a qualquer momento o fluxo pode secar.

A captação de clientes precisa ser contínua, estratégica e ética. E não, não estou falando de postar memes com "precisa de advogado?" ou sair mandando mensagem no WhatsApp de desconhecidos — isso viola o Código de Ética da OAB e queima a sua imagem.
Mas é totalmente permitido — e necessário — mostrar o seu conhecimento de forma inteligente e respeitosa.

Você não vende o seu trabalho. Precisa aparecer para quem precisa de você.

Advogados que crescem com consistência têm algo em comum: Eles entendem que posicionamento gera autoridade, e autoridade atrai clientes.

E como você constrói isso? Com três pilares: conteúdo, posicionamento e relacionamento.

2.1 Conteúdo: você precisa ensinar para atrair

Quando você compartilha uma dica, esclarece uma dúvida comum ou explica algo complexo de forma simples, você gera valor imediato para quem te segue. Isso gera conexão, confiança e — com o tempo — contratação.

Exemplos de conteúdo que funcionam:

  • “5 coisas que você precisa saber antes de registrar sua marca”

  • “Como evitar problemas ao comprar um imóvel na planta”

  • “Herança em vida existe? Entenda o que a lei diz”

Perceba que você não está dando consulta gratuita, está educando o público. E educar é diferente de advogar — mas os dois caminhos se conectam.

2.2 Posicionamento: seja especialista no problema que você resolve

O cliente não procura um advogado genérico. Ele procura alguém que resolva o problema dele. Se você fala com todo mundo, ninguém te escuta. Mas se você fala diretamente com um perfil de cliente, esse cliente te enxerga como a solução ideal.

Exemplo:
Se você atua com Direito Imobiliário, mostre nos seus conteúdos que você entende do assunto:

  • Compartilhe bastidores do seu trabalho (sem violar sigilo);

  • Fale das dores que os compradores enfrentam;

  • Mostre que você domina o processo de regularização, contratos, registros etc.

Isso te posiciona como autoridade. E autoridade não discute preço — é contratada.

2.3 Relacionamento: clientes satisfeitos são sua melhor propaganda

A base de toda boa captação é relacionamento. Clientes bem atendidos indicam. Colegas bem tratados indicam. Profissionais de outras áreas (contadores, corretores, médicos, terapeutas) indicam.

Por isso, construa pontes e mantenha vínculos.

Algumas formas de fazer isso:

  • Esteja presente na OAB, em eventos e grupos da sua área;

  • Cultive relações com outros advogados de áreas diferentes (parcerias estratégicas funcionam muito);

  • Mantenha contato com clientes antigos — envie atualizações, newsletters, ou simplesmente pergunte se ele precisa de algo.

Indicação não se pede. Indicação se cultiva.
E isso exige presença, consistência e profissionalismo.

2.4 Presença digital: o cliente moderno começa sua busca pelo celular

Estar nas redes sociais não é mais opcional. O cliente que quer contratar um advogado provavelmente vai procurar pelo nome dele no Google, no Instagram ou no LinkedIn antes de marcar uma reunião. E o que ele vai encontrar?

Sua presença online precisa mostrar três coisas:

  1. Que você sabe do que está falando (autoridade);

  2. Que você se comunica com clareza e empatia (confiança);

  3. Que você resolve exatamente o problema dele (direcionamento).

Dica prática:
Escolha 1 ou 2 canais para se dedicar — Instagram e LinkedIn são ótimos para advogados — e poste conteúdo relevante, com regularidade. Você não precisa ser influencer. Precisa ser útil e presente.

2.5 Captação é sobre confiança, não sobre likes

Não espere o cliente vir bater na sua porta do nada.
Mostre o que você faz. Fale com quem precisa de você. Crie uma ponte entre o seu conhecimento e o problema real de alguém.

Marketing jurídico ético não é vaidade — é ferramenta de sobrevivência.
E, quando bem feito, ele te garante algo que todo advogado busca:
clientes certos, com constância e segurança financeira.

3. Organização do Escritório: Sem Método, Você se Afoga Mesmo Trabalhando Muito

Sabe aquela sensação de terminar o dia exausto, com a cabeça cheia, mas sem conseguir apontar o que realmente foi resolvido? Isso tem nome: falta de método.

Na advocacia, onde prazos, atendimentos, produção técnica e decisões importantes convivem no mesmo espaço de tempo, a organização não é luxo — é questão de sobrevivência.

E aqui vai um alerta realista: O advogado que não estrutura sua rotina vive apagando incêndio.

3.1 Rotina produtiva começa com intenção e termina com método

A primeira mudança é parar de viver “na correria” e passar a viver com direção. Não importa se você é um exército de um homem só ou se lidera uma equipe: a organização começa em você.

Aqui está o que um advogado gestor precisa dominar para colocar a casa em ordem:

3.2 Ferramentas são suas aliadas (e você não precisa dominar tecnologia para usá-las)

Organização começa com visualização clara da sua rotina. Você precisa enxergar seu dia antes que ele aconteça — e ter controle sobre as prioridades.

Ferramentas simples como:

  • Google Agenda para agendamentos e prazos;

  • Trello ou Notion para gerenciar tarefas e fluxos de trabalho;

  • Planilhas no Google Drive para acompanhar produção, financeiro ou cronogramas.

O mais importante: escolha as que funcionam para você e use todos os dias.

3.3 Estruture sua semana com blocos de tempo

Uma das maiores armadilhas da advocacia é o “modo reativo”: você passa o dia inteiro respondendo urgências e termina sem fazer o que era realmente importante.

A solução é definir blocos fixos na sua semana para cada tipo de atividade:

  • Segunda de manhã: planejamento semanal e revisão de processos

  • Terça à tarde: atendimento aos clientes

  • Quarta: produção jurídica (petições, pareceres, contratos)

  • Sexta-feira: financeiro, marketing e gestão

Não se trata de rigidez, mas de rotina com propósito. Você controla a semana, em vez de ser controlado por ela.

3.4 Crie e documente fluxos internos (mesmo que você esteja sozinho)

Fluxo é um mapa do que acontece no seu escritório. Por exemplo: o que acontece quando um cliente entra em contato pela primeira vez?

  • Ele preenche um formulário?

  • Você liga? Manda proposta? Faz reunião?

  • Quem manda o contrato? Quem acompanha o prazo depois?

Mesmo que você faça tudo sozinho, documentar isso te traz clareza — e te prepara para crescer.
Quando for contratar alguém ou delegar, o caminho já estará desenhado.

Exemplos de fluxos essenciais:

  • Fluxo de entrada de clientes;

  • Fluxo de atendimento e acompanhamento;

  • Fluxo de prazos e controle de processos;

  • Fluxo de cobrança e acompanhamento de inadimplência;

Você não precisa de um sistema caro para isso. Um quadro no Trello ou uma planilha com checklists já resolve.

3.5 Se você tem equipe: delegue com inteligência, e não com abandono

Se você tem estagiário, assistente, sócio ou paralegal, organizar o trabalho de forma clara evita retrabalho, ruído e desgaste.Delegar não é largar. É transferir com direção.

Boas práticas de delegação:

  • Defina funções com clareza: quem faz o quê?

  • Crie reuniões rápidas de alinhamento (15 minutos por semana já muda tudo);

  • Use ferramentas com visibilidade coletiva (como Trello ou Google Sheets compartilhado);

  • Dê autonomia com responsabilidade: acompanhe, corrija e confie.

Liderança não é sobre controlar tudo — é sobre organizar para que tudo aconteça.

3.6. Tenha indicadores internos para saber se sua gestão está funcionando

Organização também é medir o que importa. Comece com dados simples:

  • Quantos atendimentos você teve essa semana?

  • Quantas ações você protocolou no mês?

  • Quanto tempo demora, em média, entre o atendimento e a entrega do serviço?

  • Qual sua taxa de conversão entre reuniões e contratos fechados?

Esses dados mostram onde você está perdendo tempo, eficiência ou dinheiro — e te ajudam a tomar decisões com base em fatos, não em achismos.

3.7 sem método, o caos é silencioso… até virar prejuízo

Desorganização custa caro:

  • Causa perdida por prazo vencido

  • Cliente perdido por falta de resposta

  • Horas desperdiçadas com tarefas repetitivas

  • Estresse, ansiedade, sensação de que nunca dá tempo

Mas quando você organiza sua rotina, define fluxos e mede seus resultados, a advocacia deixa de ser um peso e passa a ser um projeto de verdade.E o melhor: você trabalha menos e produz mais.

Organização é um dos pilares mais negligenciados na advocacia — e um dos que mais geram impacto positivo quando aplicados com constância.

4. Uso da Tecnologia: Ou Você Anda com Ela, ou É Engolido pelo Tempo

A verdade é simples e inevitável: ou você usa a tecnologia como aliada, ou vai gastar energia onde não precisa. Ainda tem muito advogado achando que adotar um software jurídico, um sistema de organização ou até mesmo uma agenda digital é “frescura” ou gasto supérfluo.
Mas a realidade é outra: quem ignora a tecnologia perde tempo, comete erros evitáveis e trava o crescimento do escritório.

4.1 Tecnologia na advocacia não é luxo — é ferramenta de sobrevivência

Você já parou para pensar quanto tempo perde todos os dias com:

  • Buscas em pastas desorganizadas?

  • Prazos anotados em papéis que somem?

  • Relatórios manuais que consomem horas?

  • Atendimento desalinhado por falta de informação acessível?

Agora imagine automatizar tudo isso.Esse é o papel da tecnologia bem usada.

4.2 Software jurídico: o cérebro organizador do seu escritório

Investir em um software jurídico é investir em tempo, organização e segurança.
Essas ferramentas permitem:

  • Controle automático de prazos, com alertas antes do vencimento

  • Armazenamento centralizado e seguro de documentos e petições

  • Histórico completo de cada cliente e processo

  • Emissão de relatórios financeiros, produtividade, honorários pendentes

  • Delegação e acompanhamento de tarefas dentro da equipe

Você sai do modo “apagar incêndio” e entra no modo “gerenciar com inteligência”.

E o melhor: existem opções no mercado para todos os bolsos — desde soluções robustas até ferramentas gratuitas com funcionalidades básicas (mas muito úteis). O importante é começar.

4.3 Digitalização: menos papel, mais eficiência

Ainda está com armário cheio de pasta, petição impressa e procuração que some no meio de documentos?

Digitalizar seu acervo jurídico é mais do que uma tendência — é uma exigência de eficiência.

  • Escaneie documentos assim que recebê-los, e devolva-os ao cliente;

  • Use nomenclaturas padronizadas para facilitar buscas;

  • Salve tudo na nuvem, com backup automático;

  • Utilize pastas organizadas por cliente, tipo de ação e fase processual.

Dica prática: Google Drive, Dropbox ou OneDrive já resolvem isso com segurança e custo zero ou baixíssimo.

4.4 Automação de tarefas repetitivas: liberte seu tempo para o que importa

Advogado não foi feito para ficar digitando o mesmo e-mail 15 vezes, nem preenchendo planilha de controle de honorários na unha.

Você pode (e deve) automatizar tarefas como:

  • Envio de e-mails de boas-vindas para novos clientes

  • Lembretes automáticos de reuniões

  • Atualizações processuais por WhatsApp ou e-mail (via sistemas integrados)

  • Geração de relatórios com um clique

Essas automações diminuem erros, economizam horas e aumentam a percepção de profissionalismo por parte do cliente.

4.5 Atendimento digital: esteja onde seu cliente está

Você já percebeu que os seus clientes querem praticidade?

Muitos preferem resolver tudo por WhatsApp, e-mail ou uma chamada rápida no Zoom. Adotar canais digitais de atendimento facilita sua vida e a deles.

  • Agende reuniões virtuais para reduzir deslocamentos

  • Use formulários online para cadastro inicial de clientes

  • Tenha um canal de comunicação centralizado e com retorno rápido

Isso não diminui a relação humana — melhora a experiência do cliente e o posiciona como um advogado moderno e acessível.

4.6 tecnologia não substitui advogado, mas potencializa o que ele pode ser

Tecnologia não é um concorrente seu. Ela é uma ferramenta que te permite advogar com mais qualidade, precisão e tempo livre.

Enquanto alguns colegas ainda resistem à mudança, você pode sair na frente, profissionalizando sua estrutura e mostrando que sabe usar os recursos certos — como um verdadeiro gestor jurídico.
Comece pelo que está ao seu alcance.

Mesmo com ferramentas gratuitas e simples, você já pode dar um salto enorme em organização e produtividade.

5. Atendimento ao Cliente: Você Não É Só Advogado, é uma Exeperiência, o cliente não contrata seu serviço, ele contrata você!

De todas as boas práticas que abordamos até aqui, essa é a que mais diferencia um advogado comum de um advogado memorável: o atendimento ao cliente.

Sim, você é técnico. Sim, você conhece o Direito. Mas o seu cliente não está avaliando a sua última tese jurídica — ele está avaliando como você faz ele se sentir.

E isso muda tudo.

Você pode ter o melhor domínio do processo civil, pode redigir a petição mais técnica do tribunal... mas se o seu cliente se sentir mal atendido, abandonado, ou desrespeitado, ele não volta.

E pior: ele fala mal. Reclama. Desencoraja outros. E você perde mais do que um cliente — perde reputação.

5.1 Advocacia é serviço — e todo serviço é experiência

Seu cliente não entende de jurisprudência. Mas ele entende quando você:

  • não responde uma dúvida simples;

  • some por semanas sem dar notícia;

  • promete prazos irreais e não entrega.

É aí que nasce a frustração.

Por isso, o que fideliza não é só resultado — é atenção, clareza e presença.

5.2 Um bom atendimento é feito nos detalhes.

Aqui vão práticas simples que viram padrão de excelência:

5.2.1 Seja rápido no retorno, mesmo que a resposta completa venha depois

Às vezes, tudo que o cliente precisa é saber que foi ouvido. Um “vou verificar e te dou um retorno ainda hoje” alivia 80% da ansiedade de quem está esperando. Não subestime o poder de uma resposta imediata e educada.

5.2.2 Mantenha o cliente informado, mesmo quando não há novidade

Não espere que ele te cobre. Antecipe. Envie uma mensagem por semana, ou a cada avanço no processo.
Diga: “A audiência está marcada, mas ainda não temos movimentações novas. Estou acompanhando tudo.”
É simples. Mas para ele, isso transmite cuidado e segurança.

5.2.3 Explique os prazos e riscos de forma clara e honesta

Jamais prometa o que não pode controlar. O cliente precisa entender que o processo pode demorar, que existe risco e que o resultado não está 100% garantido — por mais competente que você seja.

Fale com clareza, sem juridiquês, e prepare o terreno emocional. Transparência evita frustração — e frustração é o caminho mais curto para a insatisfação.

5.2.4 Trate cada cliente como único (porque, para ele, o caso é único)

O seu cliente não quer se sentir mais um. Ele quer sentir que o advogado dele está genuinamente interessado em ajudá-lo.

Chame pelo nome. Lembre-se do caso. Pergunte como ele está. Essa personalização transforma atendimento em relacionamento — e relacionamento em fidelização.

5.3 Clientes bem atendidos não só voltam: eles indicam, defendem e promovem seu nome

Um cliente encantado vira advogado do seu escritório fora dele. Ele te recomenda para amigos, familiares, sócios e conhecidos — e o melhor: com convicção. Agora o oposto também é verdadeiro. Um cliente mal atendido vira problema. Ele cobra, reclama, posta, registra queixa na OAB e ainda prejudica sua imagem por muito tempo.

Atender bem não é bônus — é blindagem.

5.4 Advogar bem é o mínimo. Atender bem é o diferencial.

O atendimento não termina com a assinatura do contrato. Ele acontece em cada ligação, cada mensagem respondida, cada atualização enviada, cada conversa difícil conduzida com empatia e clareza.

O advogado moderno entende que o cliente não compra só uma solução jurídica. Ele compra confiança. Ele compra tranquilidade. Ele compra experiência.

E essa experiência — boa ou ruim — está 100% nas suas mãos.

Concluindo:

O Advogado Que Aprende a Empreender Não Apenas Sobrevive — Ele Cresce com Propósito.

A advocacia que se sustenta no improviso está com os dias contados. O mercado exige mais — exige estratégia, posicionamento e visão de negócio.E o advogado que entende isso sai na frente.

Gerir seu escritório como um negócio não é apenas sobre ganhar dinheiro. É sobre criar uma advocacia que funcione de verdade, que respeite seu tempo, que tenha constância no faturamento, e que entregue valor real para o cliente.

Com as cinco práticas que você viu aqui — gestão financeira, captação de clientes, organização interna, uso da tecnologia e excelência no atendimento — você constrói uma estrutura que te dá liberdade para crescer, se destacar e prosperar com equilíbrio.

E sim, eu sei: não dá pra aplicar tudo de uma vez. Mas dá pra começar.

Comece pelo básico. Pelo que está ao seu alcance hoje. O que não dá é pra continuar rodando em círculos, se afogando no operacional, enquanto a advocacia que você sonhou fica para depois.

A sua advocacia merece ser tratada como um projeto sério, sólido e com visão de futuro. E essa transformação começa com uma decisão simples, mas poderosa: agir como um advogado empreendedor.


________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Fontes consultadas: Sebrae, OAB/DF, OAB/SP, OAB/RJ, Projuris, Jusbrasil, blogs especializados em gestão jurídica e empresarial.